|
|
Juliana Royo e Pedro Zuazo
01/07/2010
|
Carregando...
Cultivada nas regiões frias, principalmente no Sul do País, a ameixa é uma das frutas mais valorizadas no mercado nacional. Mas a grande demanda pelo produto tem um motivo: a enorme dificuldade de cultivo. O principal inimigo da cultura no Brasil é uma doença de escaldadura das folhas causada pela bactéria Xylella fastidiosa, uma versão do amarelinho dos citros. Sem ferramentas para evitar a disseminação da praga e sem a oferta de variedades resistentes que ofereçam produtos de boa qualidade, produtores e pesquisadores buscam soluções para o problema que ameaça a produção nacional.
Além do território nacional, a doença já assola o sul dos Estados Unidos e a Argentina, país através do qual foi introduzida no Brasil. No resto do mundo praticamente não há relatos da bactéria. De acordo com o pesquisador Marco Anônio Dalbó, chefe da estação experimental de videira da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), o problema é semelhante ao que se deu com a doença dos citros. Nesse caso, entretanto, foi criada uma legislação para proibir a produção de mudas a campo, sendo toda ela feita em viveiros e com materiais livres, ou seja, variedades resistentes à doença.
— Se tivéssemos feito o mesmo com a ameixeira, teríamos eliminado a maior parte da transmissão e não teríamos tantas áreas contaminadas. Esse foi o grande avanço que a cultura dos citros teve e a ameixa não. Os produtores de ameixa também deveriam investir na plantação de materiais que não tivessem a doença, mas não estão conscientes disso — explica.
Se, por um lado, os produtores não têm consciência da necessidade de utilizar materiais livres, por outro, a oferta de mudas não tem capacidade em qualidade e nem em quantidade de atender a essa demanda. Mesmo com as dificuldades de produção, foram desenvolvidas tecnologias que permitem o cultivo da ameixeira no Brasil. Já existem cultivares resistentes, mas os materiais são de baixa qualidade e não correspondem às exigências do mercado. Dessa forma, o produtor se vê em um complexo dilema: plantar variedades resistentes para preservar a cultura ou cultivar o material tradicional para conquistar o mercado?
Na opinião de Dalbó, a melhor opção é plantar material livre da bactéria, medida que permite a produção de pelo menos três safras até que a bactéria colonize toda a planta. Nas áreas já contaminadas, os produtores devem trabalhar com a plantação em alta densidade, garantindo vigor das plantas e antecipando a produção. Nesse caso, o produtor irá colher poucas safras, mas o volume de frutos compensa o investimento. Essas práticas, associadas à escolha da variedade adequada, permitem que o plantio de ameixa no Brasil se mantenha, mesmo com todas as dificuldades.
Danos causados
A bactéria Xylella fastidiosa se instala no cilema da plantas, que é o tecido condutor de água e seiva bruta. Ao colonizar o xilema, a bactéria produz uma goma que vai entupindo os vasos e promove um sintoma de estresse hídrico pela impossibilidade de transporte de água para as pontas dos galhos. Quanto mais distante da raiz a bactéria se instalar, mais intensos são os sintomas. Como consequência, as folhas acabam se queimando, principalmente nas bordas. Com a evolução desse sintoma, a planta seca e morre.
|